Como manter a flexibilidade e a velocidade de tomada de decisões que caracterizam as equipes pequenas quando a empresa cresceu? As estruturas de escalonamento ágil ajudam as empresas grandes e em crescimento a se manterem competitivas com as metodologias ágeis. Nós lhe dizemos por que o Agile é importante para o dimensionamento, quais são algumas formas populares de dimensionamento e como escolher a estrutura certa.
O que é escalonamento ágil
O escalonamento ágil é o processo de estender as metodologias de desenvolvimento ágil do nível da equipe individual para toda a organização. O objetivo dessa abordagem é preservar os benefícios do Agile ao trabalhar em grandes projetos que envolvem várias equipes.
Imagine uma pequena startup em que uma equipe de cinco pessoas se comunica facilmente, toma decisões rápidas e responde com flexibilidade às solicitações dos clientes. Mas o que acontece quando a empresa cresce para 100 funcionários? Ela conseguirá manter a mesma velocidade e flexibilidade?
Esse é exatamente o desafio que o escalonamento ágil resolve. Ele ajuda as organizações a manter o espírito de inovação, a capacidade de resposta às mudanças e a qualidade do produto, ao mesmo tempo em que aumenta significativamente o tamanho da empresa. O escalonamento exige mudanças em todos os níveis da organização, desde os processos de planejamento até a cultura corporativa.
Os princípios básicos do escalonamento ágil
O dimensionamento ágil não se trata apenas de aumentar o número de equipes, mas de um processo complexo de transformação de toda a organização. Para permanecer ágil e eficiente durante o crescimento, é importante seguir os princípios fundamentais. A agilidade em toda a organização exige a adesão a vários princípios importantes:
- manter os valores do Agile em todos os níveis – a agilidade deve estar em toda a empresa;
- Trabalho em equipe transparente;
- autonomia das equipes na tomada de decisões;
- sincronização regular entre as equipes;
- adaptar os processos à empresa – Agile não é um manual rígido, mas um conjunto de ferramentas;
- melhorar não apenas o produto, mas também a forma de trabalhar;
Por que é importante dimensionar o Agile?
Com as mudanças tecnológicas e o aumento da concorrência, as grandes empresas precisam se adaptar rapidamente às novas condições do mercado, mas os métodos de gerenciamento tradicionais carecem de flexibilidade. O Scaling Agile oferece uma solução para esse problema, permitindo que as grandes empresas mantenham a velocidade e a flexibilidade das startups, e aqui está o motivo pelo qual isso é importante:
- A empresa se mantém competitiva: as grandes empresas precisam permanecer ágeis para acompanhar os concorrentes mais ágeis;
- a qualidade do produto cresce: o trabalho coordenado de várias equipes permite produtos mais complexos e de maior qualidade;
- reduzir o tempo de colocação do produto no mercado: a coordenação eficaz entre as equipes reduz o tempo de desenvolvimento;
- aumenta a satisfação do cliente: a resposta rápida às necessidades em constante mudança permite atender melhor às demandas do mercado;
- deixa a “mentalidade de bunker“: a remoção de barreiras entre departamentos e a simplificação de processos melhoram a eficiência geral da organização.
Quadros populares para escalonar o Agile
Quando uma empresa cresce, a simples aplicação do Scrum ou do Kanban se torna insuficiente. Foram desenvolvidas estruturas especiais para coordenar o trabalho de várias equipes. Elas ajudam a manter o Agile flexível mesmo em grandes organizações.
Aqui está uma breve visão geral das estruturas populares para escalonamento.
Scrum of Scrums (SoS)
O Scrum of Scrums é a maneira mais fácil de dimensionar o Agile. O SoS oferece uma solução para várias equipes que trabalham no mesmo produto: criar outra equipe de cada grupo.
Essa meta-equipe realiza suas próprias reuniões para discutir o que cada equipe fez, quais obstáculos encontrou e o que está nos planos para o futuro. O objetivo principal é identificar e resolver problemas que afetam várias equipes. Por exemplo, se duas equipes compartilham um recurso comum, o SoS pode ajudar a evitar conflitos.
| O SoS é especialmente útil quando uma empresa está apenas começando a escalar o Agile – a estrutura é fácil de implementar e não exige mudanças radicais na estrutura da empresa.
SAFe (Scaled Agile Framework)
O SAFe é uma das estruturas mais populares para escalonar o Agile. Ele é frequentemente comparado a um canivete suíço: muitas ferramentas para resolver problemas diferentes.
A estrutura SAFe consiste em várias camadas:
- Equipe: o nível básico em que as equipes Scrum ou Kanban trabalham.
- Programa: coordena o trabalho de várias equipes.
- Grandes soluções: para empresas que desenvolvem sistemas complexos.
- Soluções personalizadas: para empresas que desenvolvem sistemas complexos.
- Portfólio: gerencia a estratégia e o financiamento.
O SAFe ajuda as grandes organizações a alinhar várias equipes, vincular a estratégia da empresa ao trabalho diário dos desenvolvedores e gerenciar as dependências entre os projetos.
“O SAFe é usado para o gerenciamento de portfólio de produtos em grandes organizações. Por exemplo, no setor bancário, onde vários departamentos desenvolvem produtos diferentes, o SAFe ajuda a identificar as relações entre os produtos. Isso permite não apenas gerenciar um único produto, mas também considerar quais funções podem ser emprestadas de outras equipes e quais tarefas precisam ser trabalhadas em conjunto.”
– Ksenia Filippova, proprietária do produto SimpleOne SDLC
No entanto, o SAFe tem seus críticos – alguns acreditam que a estrutura é muito complexa e pode levar à burocracia. Portanto, é importante adaptar o SAFe às necessidades da empresa, em vez de seguir cegamente todas as recomendações.
| O SAFe é adequado para empresas nas quais:
- mais de 50 desenvolvedores;
- estão criando produtos complexos;
- precisam coordenar o trabalho de vários departamentos
LeSS clássico (Scrum em grande escala)
O LeSS é uma estrutura para empresas que desejam manter a simplicidade do Scrum enquanto trabalham com várias equipes.
Princípios fundamentais do LeSS:
- um produto – um backlog – um proprietário de produto;
- até oito equipes trabalham em um sprint;
- todas as equipes participam do planejamento geral do sprint;
- as reuniões diárias são realizadas separadamente em cada equipe;
- no final do sprint, há uma revisão geral e uma retrospectiva.
Em vez de acrescentar novas funções e processos, o LeSS amplia as práticas existentes do Scrum. Por exemplo, em vez de ter reuniões de planejamento de sprint separadas para cada equipe, o LeSS oferece planejamento de sprint comum para todas as equipes que trabalham no produto.
Benefícios do LeSS: fácil de implementar em equipes familiarizadas com o Scrum; foco no produto em vez de em componentes individuais; flexível para personalizar de acordo com as necessidades de uma empresa específica.
| O LeSS é adequado se:
- a empresa tiver até 8 equipes trabalhando em um produto;
- precisa manter o Scrum simples;
- a empresa estiver pronta para uma mudança organizacional significativa
LeSS Huge
O LeSS Huge é uma extensão do LeSS clássico para projetos muito grandes. Se houver mais de 8 equipes trabalhando em um produto, você pode recorrer a essa estrutura.
As principais diferenças entre o LeSS Huge e o LeSS clássico:
- A introdução do conceito de área de requisitos, que é uma grande parte do produto que requer a atenção de várias equipes. Por exemplo, em um aplicativo bancário, essas áreas podem ser Pagamentos, Empréstimos, Investimentos – cada área tem seu próprio foco e conjunto de funções.
- Um exemplo de um aplicativo bancário seria Pagamentos, Empréstimos e Investimentos.
- Um proprietário de produto é atribuído a cada área – essa pessoa é responsável por priorizar o trabalho em sua área. Ele trabalha em estreita colaboração com o principal proprietário do produto, mas toma decisões mais detalhadas para sua área. Isso libera o proprietário do produto principal e proporciona um conhecimento mais aprofundado em cada área.
- As equipes são agrupadas em torno de áreas de requisitos – elas não trabalham em tarefas aleatórias de um backlog geral, mas se concentram em áreas específicas. O foco as ajuda a se aprofundar nas especificidades de sua parte do produto, para entender melhor as necessidades do usuário e dos negócios nessa área.
- Um backlog geral do produto é mantido, apesar da separação por área – isso ajuda a manter uma visão holística do produto e a garantir a priorização adequada entre as diferentes áreas. O principal proprietário do produto trabalha a partir desse backlog comum, coordenando os esforços de todas as equipes e áreas.
Por exemplo, ao desenvolver um sistema de CRM, algumas equipes trabalham no módulo de vendas, outras na análise e outras nas integrações. Cada um desses grandes módulos se torna uma área de requisitos no LeSS Huge.
Benefícios do LeSS Huge: permite que o Scrum seja dimensionado para centenas ou até milhares de desenvolvedores, mantém o foco no produto como um todo, facilita a coordenação entre as equipes.
Empresa Scrum
O Enterprise Scrum é uma estrutura desenvolvida por Mike Beadle, um dos autores do Manifesto Ágil. Ele propõe estender os princípios do Scrum do nível da equipe para toda a organização.
Características da estrutura:
- foco no valor do negócio – em vez de simplesmente concluir tarefas, as equipes se concentram na criação de valor mensurável para o negócio;
- métricas flexíveis – os líderes podem selecionar e personalizar as métricas de desempenho para atender às necessidades de sua organização;
- função de proprietário do negócio – essa função substitui o proprietário do produto clássico, dando-lhe mais autoridade e responsabilidade;
- sprints escaláveis – a duração das iterações pode variar de alguns dias a vários meses, dependendo do nível da organização;
- atenção à cultura organizacional – o Enterprise Scrum enfatiza a importância de criar um ambiente que apoie a inovação e a melhoria contínua.
Benefícios do Enterprise Scrum: ajudará a conectar a estratégia da empresa ao trabalho diário das equipes, aumentará a transparência dos processos de negócios em todos os níveis da organização, acelerará a tomada de decisões e a resposta às mudanças do mercado.
| O Enterprise Scrum é adequado quando:
- precisa aplicar os princípios do Agile não apenas no desenvolvimento, mas também em outras áreas da empresa;
- precisa de uma maneira de conectar melhor o trabalho das equipes às metas de negócios da empresa
Nexus
Nexus é uma estrutura desenvolvida por Ken Schwaber, um dos criadores do Scrum. A estrutura foi projetada para coordenar de três a nove equipes Scrum que trabalham em um único produto.
Elementos do Nexus:
- equipe de integração – um grupo de especialistas responsável pela coordenação entre as equipes e pela fusão dos resultados do trabalho;
- planejamento do sprint, em que representantes de todas as equipes se reúnem;
- um backlog de sprint comum que mostra as dependências entre as equipes;
- uma reunião diária dos representantes das equipes para discutir o progresso e os obstáculos;
- revisão dos resultados do sprint por todas as equipes;
- retrospectiva com foco nas interações entre as equipes;
Benefícios do Nexus: fácil implementação para organizações que já utilizam o Scrum, foco claro na integração do trabalho de diferentes equipes, adição mínima de novas funções e artefatos.
O Nexus é adequado para empresas nas quais:
- têm de 3 a 9 equipes Scrum trabalhando em um único produto;
- precisam manter a simplicidade do Scrum durante o dimensionamento;
- as equipes enfrentam desafios na integração de entregas;
O Nexus não é uma solução única para todos, mas pode ser uma ferramenta eficaz para organizações de médio porte que buscam melhorar a coordenação entre as equipes sem complicar demais os processos.
O modelo Spotify
O modelo Spotify não é tanto uma estrutura, mas sim um exemplo de como uma grande empresa adaptou o Agile às suas necessidades. O modelo chama a atenção por sua flexibilidade e abordagem inovadora da estrutura da equipe.
Elementos do modelo Spotify:
- Squads (Squads) são pequenas equipes multifuncionais, análogas às equipes Scrum. Cada esquadrão é responsável por uma função ou parte específica do produto.
- Tribos (Tribes) – grupos de vários squads que trabalham em áreas relacionadas. Uma tribo não deve exceder 100 a 150 pessoas.
- Chapters (Chapters) – grupos de especialistas do mesmo perfil de diferentes squads em uma tribo. Por exemplo, todos os desenvolvedores de front-end ou todos os testadores.
- Guildas (Guildas) – comunidades de interesse que unem pessoas de diferentes tribos. Por exemplo, uma guilda de profissionais de segurança.
Vantagens do modelo Spotify: a autonomia das equipes se desenvolve, o equilíbrio entre especialização e multifuncionalidade é mantido e a empresa se adapta de forma flexível às mudanças do mercado.
| Considere os elementos do modelo Spotify se:
- precisa aumentar a autonomia da equipe;
- a empresa busca uma estrutura organizacional mais flexível;
- a empresa estiver disposta a investir no desenvolvimento de uma cultura corporativa forte
Como escolho a estrutura certa?
A escolha de uma estrutura para dimensionar o Agile é uma decisão que afetará toda a organização. Aqui estão algumas etapas para ajudá-lo a fazer a escolha certa:
- Avalie o estado atual: quantas equipes existem na empresa, qual é o grau de familiaridade delas com o Agile, quais problemas precisam ser resolvidos?”
- Definir metas de escalonamento: por exemplo, melhorar a coordenação entre as equipes, acelerar o tempo de lançamento no mercado, melhorar a qualidade do produto.
- Explore os recursos de cada estrutura: por exemplo, o SAFe é adequado para grandes organizações com vários produtos, o LeSS é bom para empresas que desejam manter o Scrum simples, o Nexus é adequado se 3 a 9 equipes estiverem trabalhando em um único produto.
- Avaliar a prontidão para a mudança: algumas estruturas exigem mudanças organizacionais profundas, outras podem ser implementadas gradualmente – vale a pena escolher o ritmo certo de mudança.
- Realizar um projeto piloto: você pode escolher uma ou duas estruturas para testar, experimentá-las em um pequeno grupo de equipes e avaliar os resultados.
- Prepare-se para adaptar as estruturas: nenhuma estrutura será perfeita para a empresa, elas podem e devem ser alteradas e combinadas.
Perguntas frequentes (FAQ)
Qual estrutura é mais eficaz para grandes organizações?”
Para grandes organizações, o SAFe (Scaled Agile Framework) é frequentemente recomendado – é uma abordagem estruturada para escalonar o Agile em um nível corporativo que é bem adequado para empresas com centenas ou até milhares de funcionários trabalhando em vários produtos. No entanto, o SAFe não é a única opção. Algumas grandes empresas aplicaram com sucesso o LeSS Huge ou um modelo Spotify adaptado.
A escolha da estrutura depende de diferentes fatores: a estrutura da organização, o nível de familiaridade com o Agile, as especificidades dos produtos e a cultura corporativa. Não existe uma solução única para todos os casos. Mesmo a estrutura mais adequada exigirá personalização para atender às necessidades exclusivas da empresa.
A chave para o sucesso não é seguir cegamente a estrutura escolhida, mas adaptá-la adequadamente. Você pode começar com um projeto piloto que lhe permitirá avaliar os resultados e fazer alterações. O dimensionamento do Agile é um processo contínuo de aprendizado e adaptação, e não uma implementação única.
Que desafios podem ser encontrados na implementação de estruturas para o escalonamento do Agile?”
A resistência à mudança é um dos maiores desafios do escalonamento. Os funcionários, especialmente os gerentes de nível médio, podem temer a perda de controle e resistir a novas formas de trabalho. Além disso, a cultura corporativa existente pode estar em desacordo com os princípios ágeis, criando desafios adicionais.
Os desafios técnicos e organizacionais também desempenham um papel importante. Coordenar várias equipes pode ser um desafio, especialmente se elas trabalhavam de forma independente anteriormente. A implementação de novas ferramentas e práticas pode exigir um investimento significativo, como a seleção e a compra de software e o treinamento dos funcionários nas habilidades certas.
Algumas estruturas podem levar a uma burocratização excessiva, o que vai contra o próprio espírito do Agile. Há sempre o risco de ficar preso aos processos e perder o foco no que mais importa: criar valor para o cliente. Para superar esses desafios, é importante começar com projetos-piloto, investir no treinamento dos funcionários, garantir o apoio da gerência e estar pronto para adaptar a abordagem escolhida às necessidades da empresa.
Quando é aconselhável começar a usar uma estrutura para dimensionar?
Normalmente, as empresas pensam em escalonamento quando se deparam com determinados sinais:
Primeiro, se houver mais de três equipes trabalhando no mesmo produto e elas tiverem problemas de coordenação. Por exemplo, as equipes frequentemente bloqueiam o trabalho umas das outras ou duplicam tarefas. Nesses casos, métodos simples como o Scrum of Scrums podem não ser suficientes.
Em segundo lugar, quando as equipes individuais aplicam o Agile com sucesso, mas no nível organizacional, as abordagens tradicionais de gerenciamento persistem. Isso cria uma desconexão entre os níveis operacional e estratégico, impedindo que todos os benefícios do Agile sejam alcançados.
Por fim, se a empresa estiver crescendo e os processos atuais não estiverem se expandindo com ela. Talvez, com o crescimento da organização, a velocidade de saída do produto tenha diminuído ou a qualidade tenha piorado – esse é um sinal claro de que é hora de pensar em uma abordagem estruturada para o dimensionamento.
É possível combinar diferentes estruturas?
Sim, a combinação de diferentes estruturas não é apenas possível, mas muitas vezes desejável. Cada organização é única, e é raro que uma única estrutura seja perfeita para todas as necessidades.
Uma empresa pode combinar com sucesso elementos de diferentes abordagens, por exemplo, utilizando a estrutura de equipe do modelo Spotify e aplicando práticas de planejamento do SAFe. Ou implementar o LeSS no nível de desenvolvimento, mas usar o Kanban para gerenciar o fluxo de tarefas em toda a organização.
Para combinar, você precisa ter um bom entendimento dos princípios do Agile e das especificidades da empresa. A combinação permite que você use apenas os elementos das estruturas que resolvem problemas específicos e faça experiências com mudanças.
Conclusão
O escalonamento do Agile é uma jornada, não um destino. Cada empresa é única, portanto, não existe uma receita única para o sucesso. É importante escolher a estrutura certa, adaptá-la às suas necessidades, experimentar e combinar diferentes abordagens. O principal objetivo do dimensionamento é manter a flexibilidade e a eficiência enquanto a empresa cresce e se concentra na criação de valor para os clientes.